Foragido por planejar morte de promotor, traficante mais procurado do Brasil lidera núcleo do PCC que movimentou R$ 1 bilhão
08/09/2025
(Foto: Reprodução) Exclusivo: Fantástico mostra Mijão, chefe do PCC, curtindo pagode na Bolívia
O Ministério Público de Campinas (SP) afirma que Sérgio Luiz de Freitas Filho, conhecido como “Mijão”, “Xixi” ou “2X”, articulou um plano para matar o promotor Amauri Silveira Filho, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
Considerado o traficante mais procurado do Brasil, ele é apontado como o principal nome do Primeiro Comando da Capital (PCC) em liberdade e ligado a um núcleo que movimentou R$ 1 bilhão com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, segundo documentos obtidos pelo Fantástico.
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Mesmo incluído na lista vermelha da Interpol, ele vive há mais de 10 anos em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde mantém uma rotina de luxo em condomínios fechados, protegido por muros altos e segurança reforçada.
Vida de luxo e impunidade
O Fantástico teve acesso a documentos que mostram que Sérgio já morou em pelo menos seis mansões na cidade boliviana. Em uma delas, o aluguel mensal chegava a quase R$ 30 mil.
Na Bolívia, ele usa a identidade falsa de “Sérgio Noronha Filho”. Vídeos e fotos mostram o foragido em festas, restaurantes e encontros familiares em Santa Cruz, sem ser incomodado pela polícia. Amigos aparecem em gravações elogiando seu estilo de vida: “Xixi tá rindo à toa. Da hora ver ele assim”.
Segundo o MP, Sérgio foi enviado à Bolívia por Gegê do Mangue, outro líder do PCC, para fiscalizar o envio de pasta base de cocaína ao Brasil e desde então cresceu na hierarquia.
A cidade boliviana virou refúgio para outros líderes do PCC. Gegê do Mangue e Paca também viveram ali, mas foram assassinados em 2018, durante uma visita ao Brasil.
“Eles utilizam a Bolívia como um hub, como um local em que não são incomodados pelas autoridades locais”, disse o promotor Lincoln Gakiya. “Alguns têm restaurantes, boates e residem em condomínios extremamente luxuosos.”
Traficante mais procurado do Brasil vive há mais de uma década em mansões na Bolívia
Reprodução
Trajetória no crime
A trajetória de Sérgio no crime começou em Campinas, onde nasceu. Aos 14 anos, conseguiu seu primeiro emprego em uma metalúrgica. Depois, tornou-se sócio de uma pequena empresa de usinagem.
Em 2013, a Polícia Federal recebeu um alerta do DEA, o departamento antidrogas dos Estados Unidos, sobre uma quadrilha atuando entre Brasil, Paraguai e Bolívia. Sérgio já estava envolvido.
Naquele ano, ele foi flagrado em imagens exclusivas no aeroporto de Viracopos, em Campinas, embarcando para Corumbá, no Mato Grosso do Sul, com dois comparsas. De lá, o plano era atravessar a fronteira e encontrar o maior fornecedor de cocaína boliviana para o Brasil.
Mesmo foragido, Sérgio circulava livremente. Foi visto em um jogo da Ponte Preta no Pacaembu, em São Paulo, durante a final da Copa Sul-Americana de 2013. Também curtia praias no Guarujá e falava sobre compra de fuzis e lavagem de dinheiro com táxis no aeroporto de Viracopos.
Plano para matar promotor
Dois empresários de Campinas foram presos suspeitos de financiar um plano do PCC para matar o promotor Amauri Silveira Filho, do Gaeco. O mesmo plano também tinha como alvo um comandante da Polícia de São Paulo, que não teve o nome divulgado.
Os presos são Maurício Silveira Zambaldi, dono da loja de motos Dragão Motors, e José Ricardo Ramos, empresário de transportes. Segundo o MP, o plano envolvia a busca por um atirador no Rio de Janeiro e o uso de uma caminhonete blindada com uma metralhadora .50.
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Um terceiro mandado de prisão chegou a ser expedido para “Mijão”. Ele foi apontado pelas investigações como um dos principais articuladores do plano.
Investigações do Ministério Público de Campinas apontam que “Dragão” queria matar o promotor Amauri Silveira Filho para recuperar o “prestígio” no meio criminoso.
O empresário, apontado como responsável por utilizar a loja de motos para fazer a lavagem de dinheiro para o PCC, teria sofrido prejuízos financeiros e desmoralização após uma operação do MP nos imóveis dele, em fevereiro de 2025.
Infográfico - Empresários são presos por plano de matar promotor em Campinas (SP)
Arte/g1
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